quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Incelência Cabralina à Maria Teixeira.
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
— Como está Dona Maria?
— Do mesmo jeito, já não mexe, já não chia.
Já não anda, não cria galinhas.
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
— E como está Dona Maria?
— Do mesmo jeito, não faz bolos
não reza romarias, não toma café
não lava vasilha.
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
— Como é mesmo que está, a Dona Maria?
— Sem movimentos, sem rosto, sem voz e
sem guia.
— Está consciente a Dona Maria?
— Tudo vê, tudo sente, mas nada anuncia.
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
— Com meu pai foi igual, fia minha,
e a gente toda já sabia, o que é melhor
pra eles não é mesmo o que a nóis agradaria.
O melhor pra eles fia minha, é seguir viagem comprida,
é dar o corpo pro chão e a alma pra Virge Santíssima!
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
— Disso eu não sei não tia minha,
vê o que há e sabe o que não vê,
melhor se não sabia, melhor se não sentia,
melhor não há na verdade, melhor é que
nada disso acontecia.
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
Estamos rezando por Dona Maria
— Como está você minha filha e sua família?
— Estamos rezando por Vovó Maria
— E tem algo que falta minha filha?
— Falta braço prá virar, falta mão
que auxilia, falta as palavra de afeto,
falta aqueles que existia, falta as cria
que criadas foram por Vovó Maria.
— E vocês minha filha, como passam nessa vida?
— Trocando os braços e as pernas,
juntando as força divinas, mantendo os olhos abertos,
e as mãos estendidas.
Fazendo sombra com as cinco
gaias imbondeiras, que o tronco vivifica.
Rezando, cantando e chorando, implorando
salves à Salve-Rainha.
Estamos rezando por Vovó Maria
Estamos rezando por minha mãe Maria
Estamos rezando por Dona Maria.
Estamos rezando por Vovó Maria.
sábado, 22 de fevereiro de 2014
Flor-de-urucum
Todos me tomam
menos a Flor de Urucum,
que eu audaciosamente chamo de florzinha de urucum
e lhe mando canções e lhe escrevo versinhos:
Ó belíssima Flor de Urucum, que és pequena e
poderosa e sabidíssima,
tens lábios que nunca provei mas os sei
doces, doces e doces
Ó singelíssima Flor de Urucum, que tens a nuca
emoldurada por desenho vermelhíssimo, pintado
por mãos de Monet à Dali.
Ó encantadora Flor de Urucum, que estás no elevado
pedestal catedrático de onde julgas todos os seus
reles aprendizes...
Olhai,
minha flor de urucum, sou eu.
Esperava há anos para ler tua mão
e ao dizer que não leio mãos, beijar suas mãos
e ao dizer da beleza de suas mãos e braços,
beijar teu colo.
Olhai,
Passarinho-flordeurucum,
sou eu, que das vontades de tua beleza não sabia,
e assim me aprazia
maldizer-te.
Atenta.
Poema do urucuzeiro, bem-vinda dos sonhos mil...
escuta,
sou eu.
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